Para realizar todas as atividades que se deseja, é preciso definir com rigor as prioridades a cumprir
Se todos os dias você olha para o relógio e tem a certeza de que o prazo estipulado para a entrega do trabalho não será suficiente, alguma coisa não vai bem. Provavelmente, o conceito de administração do tempo ainda não passou a fazer parte da sua cartilha. Talvez por isso, seu dia renda menos do que deveria e esteja comprometendo sua qualidade de vida. Claro que é ilusão acreditar que, em uma sociedade complexa como a nossa, sempre teremos tempo para fazer tudo o que precisamos e desejamos. Mas estabelecer metas, definir prioridades e organizar o ambiente de trabalho, entre outros aspectos, pode ajudar (e muito) a tornar suas 24 horas do dia mais produtivas.
De acordo com a pedagoga e consultora Branca Maria Sampaio, antes de partir para uma melhor administração do tempo, é preciso identificar como e porque ele é desperdiçado. As causas podem ser muitas: perfeccionismo, dificuldade de dizer não, falta de planejamento e objetivo, dificuldade de delegar. No primeiro caso, a pessoa tende a centralizar as tarefas, prende-se a detalhes irrelevantes e demora na tomada de decisões. "Muitas vezes, o perfeccionista acaba se tornando desorganizado porque acumula trabalho. Se é um gerente, pode colocar em risco o futuro da empresa. Se é um empregado, é muito provável que não receba promoções e não cresça na carreira", afirma.
Quem também pode, involuntariamente, apertar o freio de mão da carreira (e, claro, atrasar o serviço que precisa fazer) é o profissional que tem dificuldades de dizer um simples não, quando um colega pede um favorzinho. "Há gente que larga tudo para atender o outro. Quem quer agradar todo mundo, acaba desagradando a todos e a si, acumula trabalho e vai para casa preocupado", diz Branca Sampaio. A consultora cita também a administração por crise (quando a pessoa se habitua a trabalhar só apagando os incêndios do cotidiano) como um dos fatores da má administração do tempo. "A pessoa não planeja e, por isso, trabalha contra o tempo. É um hábito muito comum entre os brasileiros".
PLANEJAMENTO - Definir um cronograma de atividades com antecedência, é, portanto, fundamental para o bom andamento dos trabalhos. É o que a funcionária pública Alexandra Vasconcelos e a advogada Érica Pires Ramos procuram fazer. Alexandra cumpre uma escala de 48 horas ininterruptas, a cada semana. No intervalo entre as escalas, faz cursos, ginástica, vai ao supermercado, faz pagamentos. "Projeto o que vou fazer durante o dia e tento cumprir, saindo de casa já com um roteiro. Se tenho mais de uma coisa para fazer no centro, procuro coincidir os horários, para não ter me deslocar até lá duas vezes", conta.
Érica, por sua vez, adota uma agenda para organizar os compromissos. Formada há seis meses, ela trabalha em casa na parte manhã, visita clientes e realiza trabalhos externos, à tarde. Na parte da noite, estuda na Escola de Magistratura para um concurso. E está tentando entrar para um mestrado. Se conseguir, ficará com os três horários completamente preenchidos, como na época da universidade. "Estudava, fazia estágio, dois cursos de línguas e monitoria. Saía de casa às 7h e só voltava às 22h. Apesar de puxado, dava tempo para fazer tudo, porque tinha os horários e os seguia à risca", lembra a advogada.
Seguir o exemplo das duas e tornar o dia-a-dia mais organizado não requer apenas força de vontade. "Não há uma receita pronta para todos. Cada pessoa deve buscar o auto-conhecimento, estudar o seu problema e tentar resolvê-lo da melhor maneira possível, com tolerância, disciplina e determinação", diz Branca Sampaio. Ela afirma que a mudança deve ser gradual. "Administrar o tempo é obedecer prioridades, estabelecer o que é mais importante e mais urgente para a organização e para a vida pessoal. E não esquecer de contar também com os imprevistos, com o lazer e a boa alimentação".
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