Tomando as técnicas de Karatê como exemplo, quer o Karatê esteja sendo usado como esporte ou para defesa pessoal. Os métodos de treinamento e as situações em que essas técnicas são usadas apresentam-se de formas diferentes.
Para defesa pessoal conhecendo-se razoavelmente alguns golpes com as mãos e com os pés, e usando-os com confiança,obtém-se bons resultados. Mas no Karatê esporte, a perfeição da técnica é tudo.
Numa briga de rua, vale tudo; é impossível que alguém se comporte “esportivamente” quando sua vida está em perigo. O Karatê esporte é um jogo. Pode ser um jogo duro, é verdade, mas não deixa de ser uma disputa em que os adversários se dispuseram a competir. O Karatê esporte tem regras, regulamentos e juízes.
Na rua, seu oponente faz o possível para machucá-lo; no Karatê esporte, seu adversário se preocupa em conquistar pontos. O Karatê esporte, você pratica por livre escolha; na rua, se você não pode fugir, é obrigado a lutar.
Como meus alunos sabem, aconselho a fuga sempre que possível. Como não há nada de esporte numa briga de rua, não é vergonha tentar escapar de uma. Mas se você tentou evitar uma briga e acabou sendo obrigado a defender-se, está justificado se machucar seu adversário. No Karatê esporte, as regras impedem o contato deliberado.
Teoricamente, você pode alcançar uma alta posição no Karatê esporte sem jamais haver atingido seu oponente, exceto para bloquear um golpe.
Os golpes de mão e de pé mais apropriados para defesa pessoal não são permitidos no Karatê esporte; pontapés abaixo da linha da cintura não são permitidos no Karatê esporte. Para a defesa pessoal, os pontapés baixos são os mais efetivos, sendo, também, mais fáceis de executar. Os pontapés altos, espetaculares, apresentados nas competições requerem um treinamento prolongado e nem todos conseguem aprendê-los. Uma vez que o contato proposital é proibido.
O estilo de golpes de mão usado nas competições é relativamente sem importância. Para defesa pessoal você deve aprender uns poucos golpes de mão que são bastante fáceis de usar e muito eficientes.
Para praticar um Karatê eficiente, visando a defesa pessoal, é necessário aprender a se defender de ataques pelas costas e a enfrentar mais de um adversário, situações que não ocorrem no Karatê esporte.
Se alguém deseja praticar o Karatê esporte, precisa treinar constantemente e com afinco, como em qualquer outro esporte competitivo. Técnicas de defesa pessoal, no entanto, são eficientes e não requerem treino muito constante. Se você aprendeu uma técnica realmente prática de defesa pessoal, deverá ser capaz de usá-la cinco anos mais tarde. É por isso que técnicas complicadas e espetaculares na arte da luta desarmada não funcionam na prática. A maioria das pessoas não passa a vida treinando e não pode manter-se em condições de executar todos os golpes do Karatê. O que as pessoas precisam é aprender coisas que permanecerão com elas, tais como a habilidade de dirigir, nadar ou andar de bicicleta, quer elas pratiquem ou não, constantemente. Você precisa apenas se lembrar de um chute ou pontapé no plexo solar ou queixo, para aplicá-lo devidamente.
Originalmente, a arte da luta desarmada não tinha posições, graus, uniformes ou faixas coloridas. Era usada para treinamento altamente especializado de guerreiros para combate, e o grau de eficiência do lutador era determinado pela habilidade de matar e sobreviver. Como o arco e flecha e a espada, a luta desarmada tornou-se obsoleta para a guerra. Assim, nós a transformamos numa divisão.
Tendo-se transformado num jogo, tem regulamentos e regras. É praticado, com ligeiras variações, em diferentes lugares no mundo; mas é, geralmente, dividido em três partes: formas, rotinas e competição. As formas são uma série de exercícios e técnicas individuais que o lutador pratica sozinho; rotinas são exercícios executados em conjunto por dois praticantes e competição é a luta propriamente dita.
Faixas de diversas cores são conferidas em todas as três fases do Karatê esporte e indicam o grau de habilidade e conhecimento do praticante.
O Karatê é um método eficiente de defesa pessoal, na qual braços e pernas são treinados sistematicamente, de modo que possibilite ao praticante de Karatê se defender de qualquer tipo de inimigo. Porém, não deve o praticante se precipitar. É muito comum que os principiantes de artes marciais, notando seu rápido progresso, seja levado por onda de impetuosidade, sentindo a necessidade de por em prática os seus conhecimentos adquiridos, queiram reagir a qualquer atitude de um oponente. Essa idéia distorcida deve ser sanada a tempo para que não venha a afastá-lo do real objetivo do Karatê.
A prática do Karatê é um caminho longo e requer anos de muita dedicação. A experiência mostrará que antecipar e evitar são atitudes mais sábias do que o próprio confronto físico.
Por isso, o treinamento do Karatê ou outra arte marcial como defesa pessoal se divide em três etapas:
a)percepção – captar a intenção do adversário;
b)reação – decidir a atitude a ser tomada;
c)ação – execução.
Este tipo de treinamento permite ao praticante, numa situação de perigo, fazer uma real avaliação de causa, discernir o melhor modo de agir, e tomar uma atitude consciente.
O verdadeiro valor do Karatê não está em sobrepujar os outros pela força física. Nessa arte marcial não existe agressão na sua extensão, e sim nobreza de espírito, domínio da agressividade, modéstia e perseverança. Mas, quando for necessário, fazer a coragem de enfrentar milhões de adversários vibrar no seu interior.
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