A vida como ela é: só a competência vale mais do que a aparência na hora de vencer
Quer vencer na vida? Antes de se inscrever num curso de inglês ou fazer mestrado, pare diante do espelho e observe sua imagem. O que você vê é o retrato de um vencedor? "Se quiser ter sucesso, tenha a aparência de uma pessoa de sucesso", diz o consultor americano William Thourlby, autor do livro Você É o Que Você Usa. Exagero? Preconceito? Ditadura estética? Sem dúvida. Nunca a imagem foi tão relevante para o sucesso pessoal e profissional.
Uma pesquisa realizada por Thomas Case, fundador do Grupo Catho, agência de recolocação de profissionais de alto nível, com 443 executivos brasileiros, revelou que, depois da competência, a aparência é um dos traços mais importantes para o sucesso. "Dos entrevistados, 96% acham importante ou muito importante a aparência no trabalho", diz Case. Vale ressaltar que esses "entrevistados" são as pessoas que mandam nas grandes empresas e seu emprego pode estar na mão de um deles.
Do mesmo jeito que você tem o direito de só usar chinelão e calça velha para ir ao trabalho, eles, os "zés bonitinhos" que comandam, podem lhe dar o bilhete azul. "A aparência é uma coisa que qualquer pessoa pode controlar. Você decide", diz Thourlby. Quem se enquadra, na maioria dos casos, não se arrepende. "Bastou cortar o cabelo, arrumar a postura e o guarda-roupa para minha situação pessoal e profissional progredir", conta o programador pernambucano Edgard Gusmão Lima, 23 anos (veja ao lado).
"Vestir-se mal revela desprezo pelos outros, o que só é tolerado em pessoas ricas, talentosas, ou que não possuem ambição empresarial, financeira ou social", diz Michael Korda, vice-presidente da editora americana Simon & Schuster. A nossa sorte é que boa aparência vai além do figurino e da beleza física - afinal, a maioria dos 6 bilhões de moradores do planeta está longe de se parecer com o Russel Crowe e a Julia Roberts. Ela inclui asseio, postura, simpatia e boas maneiras. "Em igualdade de condições, as pessoas atraentes são percebidas de modo mais favorável", diz o psicólogo Ailton Amélio da Silva, da Universidade de São Paulo, um especialista em relacionamentos amorosos.
Valor da boa aparência na vida e no trabalho
Veja a opinião de executivos sobre sua própria aparência e dos subordinados
O que é importante ter e mostrar
Perseguição ou saúde pública?
Outra pesquisa realizada pela Catho mostrou que 73% dos diretores e 68% dos gerentes afirmam que ser gordo é motivo para barrar um candidato. Quem está acima do peso também recebe salários 24% menores e tem menos chances de conseguir um trabalho. O médico americano Peter Brown afirma que o controle do corpo se tornou uma questão de boas maneiras. "A obesidade virou um símbolo de falência moral", diz Brown. "Estar acima do peso revela descuido, preguiça e falta de disciplina", acrescenta, justificando, sem querer, a perseguição aos gordinhos. "É revoltante ser demitida porque comeu demais", diz a catarinense Siluandra Scheffer, que depois de perder o emprego emagreceu 19 quilos. "Mas hoje agradeço por ter sido vítima do preconceito. Sou outra pessoa e estou feliz."
"Fui demitida por estar gorda"
Siluandra Scheffer, 22 anos
"Queria progredir profissionalmente e me candidatei a uma vaga em uma loja de moda jovem. Na entrevista, a gerente disse que eu era simpática e dinâmica, mas precisaria cuidar da aparência. Sugeriu que eu soltasse o cabelo (que vivia preso) e passasse um batonzinho. Também recomendou que eu aposentasse o camisetão e passasse a vestir peças da grife, mais justinhas no corpo. Nessa época, eu pesava 62 quilos e usava manequim 44. Apesar do meu bom rendimento, que me fazia ficar sempre entre as três primeiras em vendas, toda semana a gerente reclamava que eu estava engordando. Por causa da pressão, eu comia cada vez mais. Com o tempo, as roupas da loja começaram a ficar justas. Nessa época, já pesava 69 quilos. Um dia, fui trabalhar com uma calça de moletom, por ser mais confortável, e levei uma suspensão de um dia. Passei a usar a numeração masculina, bem maior. Oito meses depois, a gerente me demitiu. Não adiantou argumentar que eu era uma das melhores vendedoras. De tanto que insisti, ela contou que um supervisor de São Paulo esteve na loja, me viu e não gostou que eu estivesse gorda. Disse que eu não combinava com o perfil da grife.
Virada com volta por cima
Fiquei arrasada. Achava que ser boa profissional bastava. Nesse dia, prometi que nunca mais alguém iria me humilhar. Comecei a caminhar pelo bairro onde moro, em Florianópolis, SC, porque não tinha dinheiro para pagar academia. Minha mãe fazia meu prato antes de a minha família sentar à mesa, para eu não cair em tentação. Tive de me acostumar a comer muita verdura, o que eu odiava. Tomava café da manhã com pão, café e leite e, no almoço e no jantar, sopa de legumes. Em poucos meses, perdi 4 quilos! Com a auto-estima resgatada, arrumei outro emprego e entrei em uma academia. Para pagá-la, fiquei um tempão sem comprar uma peça de roupa. Fazia uma hora e meia de exercícios todos os dias. Quatro anos depois, havia perdido 17 quilos. Com o corpo enxuto, me inscrevi em vários concursos de beleza. Nessa época conheci o dono da Kiberon, a franquia da clínica de emagrecimento que vou abrir no próximo mês em Blumenau, no interior do meu estado. Segui o método deles e, após dez sessões de massagens, shiatsu e do-in, perdi mais 2 quilos. Depois de tudo isso, aprendi que a aparência conta muito para quem quer ter sucesso. As pessoas me respeitam mais e as oportunidades aparecem!
"Sou médica e tenho de estar bem dos pés a cabeça"
A dermatologista carioca Rosana Gonçalves, 36 anos, tem uma clínica de medicina estética e é especializada na aplicação de botox e no tratamento de rugas. Ela está trabalhando nessa área há pouco mais de seis anos e sua tarefa é vender uma bela imagem para o paciente. Por isso, quando tinha 30 anos, resolveu colocar um aparelho nos dentes. Ela tinha uma mordida cruzada e os dentes tortos produziram um sulco do lado direito do rosto, ao lado dos lábios, fazendo com que ficasse com a boca levemente torta. "Sou vaidosa e para mim isso era um grande defeito", diz a médica, que usou aparelho fixo por dois anos. "Saúde e beleza caminham juntas e, no futuro, isso poderia me trazer problemas até de envelhecimento precoce. Trabalho com estética e tenho de estar bem do fio de cabelo da cabeça até a unha do pé", acrescenta. Desde que arrumou os dentes, ela diz que não só sua auto-estima melhorou como pôde dar seu exemplo para seus pacientes, mostrando que é possível corrigir qualquer defeito estético, em qualquer idade.
Um arrumadinho muito feliz e bem-sucedido
Quem vê o programador pernambucano Edgard Gusmão Lima chegar ao trabalho com seu visual "arrumadinho e "almofadinha" não imagina a mudança radical pela qual ele passou, há pouco mais de um ano. "Estou irreconhecível", admite, sorrindo. Até os 21 anos, ele era um típico surfista, rato de praia, bronzeado, com cabelos louros, longos, despenteados e completamente desleixado. No guarda-roupa, ele colecionava calças jeans rasgadas e camisetas de malha, seu uniforme para trabalhar no escritório ou sair à noite com os amigos surfistas. Nos pés, sandálias havaianas ou tênis surradíssimos. "Meu estilo era totalmente largado, nunca me preocupei com aparência." Na época, Edgard estagiava em uma empresa de informática e começou a perceber que a péssima aparência prejudicava o seu desempenho. "As pessoas me olhavam de lado, desconfiadas, e eu sentia que não era respeitado profissionalmente." Ele chegou a receber propostas salariais mais baixas que outros colegas com o mesmo currículo e a mesma experiência. "Na hora de visitar os clientes, eu ficava encostado. Apenas os mais arrumadinhos eram escolhidos."
Cabelo curto e adeus às gírias
Cansado de enfrentar o preconceito no trabalho, Edgard decidiu repaginar o visual. A primeira medida foi tosar os cachos e adotar o corte feito por máquina quatro. Depois, comprou roupas e sapatos novos. Educou a postura, eliminou as gírias do vocabulário e pronto. Em poucos meses, virou um novo profissional. "As mudanças foram impressionantes", conta. "Depois que passei a me vestir melhor, ganhei mais responsabilidade na empresa e novas propostas surgiram." Hoje, o ex-surfista trabalha na Mobile, uma das principais empresas de computação do país. Gasta alguns minutos escolhendo a roupa adequada para ir ao trabalho e não se arrepende da metamorfose. "O fato é que a aparência conta, e muito. Mudei meu visual para me relacionar melhor com as pessoas e o resultado foi excelente. Sou um arrumadinho feliz", brinca.
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